Os telefones têm ouvidos
Escutas telefónicas da PIDE/ DGS
As escutas telefónicas datam da invenção desse aparelho de comunicação, há cerca de 150 anos, sendo certo que evoluíram, e muito, até aos nossos dias, quer em quantidade, quer em tecnologia.
- Especialmente apetecida pelas polícias e serviços secretos, a interceção telefónica foi amplamente utilizada pela polícia política do regime de Salazar e Caetano, a PVDE/PIDE/DGS.
- O estudo de mais de 500 processos de escutas telefónicas dessa polícia, realizadas nos últimos 10 anos da ditadura (1964-1974), permitiu identificar um total de 89.150 dias escutados, correspondentes a cerca de 244 anos, em pouco mais de 10 anos de funcionamento!
- O que mais interessava àquela polícia eram temas como a "reputação profissional", "dificuldades c/ família", "ambiente familiar", "bens que mais aprecia", "possibilidade de aceitação de espórtulas", "amantes", “passatempos”, etc. – o que ilustra bem a natureza totalitária dessas investidas policiais.
- A sua utilização abusiva propiciava jogos de poder e influência no seio da própria polícia e no governo, destacando-se a apresentação periódica de excertos de relatórios/transcrições ao Presidente do Conselho.
- Sendo as escutas telefónicas um segredo absoluto da polícia política, constituíram um elemento a acrescentar ao clima de medo que sustentava o regime. Mas o certo é que muitos milhares de cidadãos portugueses e estrangeiros e entidades coletivas, incluindo representações diplomáticas, estão expostos na documentação dessas escutas telefónicas, enquanto escutados, familiares ou simplesmente referidos, engrossando assim vertiginosamente o número de “suspeitos”.
Feito sobre o passado, este trabalho não esquece os perigos do presente.
Editor: Edições Colibri
Edição: 2023
Autor: Alfredo Caldeira e António Possidónio Roberto
ISBN: 9789895663514
Encadernação | Capa mole |
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N.º de páginas | 266 |
Dimensões | 16 x 23,2 x 1,8 cm |